O futuro da educação superior
- Júnior Rodrigues
- 25 de jun. de 2017
- 4 min de leitura

O modelo de ensino superior atual está passando por grandes transformações, devido à constantes evoluções na tecnologia, acesso ao conhecimento e à globalização, que pressionam o modelo tradicional e acompanham as necessidades dessa nova geração, cada vez mais interconectada.
Hoje pode-se estudar em qualquer lugar, desde que se tenha um dispositivo com acesso à Internet, permitindo o acesso a um volume de informações muito maior e mais facilmente do que em qualquer biblioteca, bem como possibilitando a colaboração em projetos e trabalhos acadêmicos.
As instituições de ensino superior que não conseguirem entender essa mudança de paradigma e que realize mudanças estruturais e profundas em sua maneira de oferecer educação e serviços de qualidade para seus alunos, se adaptando de forma ágil e efetiva a esse novo mundo, certamente enfrentarão sérias dificuldades no futuro.
Ademais, uma educação melhor e de mais fácil acesso contribui para melhores cidadãos e para uma sociedade melhor. Como Nelson Mandela disse: "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo". É preciso, portanto, buscar formas de ensino que possibilitem tornar o aprendizado mais inspirador, relevante e dinâmico.
Dessa forma, a educação virtual pode apoiar as instituições a se tornarem grandes players nacionais e até internacionais, alcançando novos alunos de forma mais fácil e rápida, o que seria difícil (ou até impossível) através da educação presencial. Compartilhando recursos e ganhando escala, e, com isso, incorporando cada vez mais alunos, estas instituições podem continuar investindo em mais tecnologia e buscando uma maior qualidade de ensino.
No Brasil, através do recém-publicado Decreto 9057, o Ministério da Educação (MEC) flexibilizou o ensino a distância, permitindo um avanço mais rápido frente a essas transformações. As mudanças mais importantes são: o Brasil poderá ter players que ofereçam somente educação virtual; as instituições ganham autonomia para abrir um certo número de polos por ano, de acordo com sua pontuação no MEC, de 50 a até 250 polos por ano.
Com a tecnologia como a base dessa revolução, várias tendências estão descontruindo os sistemas educacionais em todo o mundo, oferecendo soluções inovadoras para um sistema falido e contribuindo para experiências de aprendizagem mais impactantes. Seguem algumas dessas tendências mais relevantes:
A educação digital
Estamos vendo o surgimento de diversos MOOCs (cursos abertos on-line em massa) cada vez mais interativos e baseados em projetos. Muitos desses, inclusive, oferecidos gratuitamente por universidades de prestígio. O aprendizado digital quebra as limitações da sala de aula tradicional, reduzindo drasticamente o custo e permitindo atingir milhões de estudantes ao mesmo tempo.
Na educação superior, o avanço de cursos virtuais, seja na sua íntegra, seja na oferta de disciplinas à distância em cursos presenciais, está se tornando uma realidade cada vez mais forte. A crescente qualidade dos cursos ofertados, a não diferenciação com relação aos cursos presenciais e a consequente diminuição do preconceito, permitem que essa evolução acompanhe a tendência tecnológica do mundo atual, facilitando o acesso à educação.
Colaboradores do futuro
A indústria 4.0 já se aponta como uma realidade para as empresas. A tecnologia irá automatizar boa parte das tarefas manuais que as pessoas são pagas para fazer atualmente. Muitos dos empregos necessários no futuro sequer existem hoje. Os trabalhos que exigem habilidades superiores, como a criatividade, a inteligência emocional e o pensamento analítico, são mais difíceis de automatizar e são mais propensos a existir por mais tempo.
Entretanto, os sistemas educacionais simplesmente não estão preparados para essa mudança da natureza da força de trabalho e as habilidades necessárias para um mundo onde a Inteligência Emocional, o Machine Learning e a Internet das Coisas irão dominar o nosso dia a dia e das empresas. Os profissionais que irão se formar num horizonte de médio prazo já devem estar capacitados a lidar com esse maravilhoso mundo novo.
Além do mais, essa força de trabalho em evolução e o surgimento contínuo de indústrias inovadoras significa que precisamos inspirar os alunos a se tornarem aprendizes ao longo da vida. O aprendizado deve ser um processo contínuo de autodesenvolvimento e exploração de novas ideias e habilidades, a todo tempo, o tempo todo!
A Realidade Virtual e a Inteligência Artificial
A realidade virtual e aumentada está revolucionando a experiência de aprendizagem. Ela permite que os alunos estejam inseridos em qualquer contexto de ensino, seja em um museu ou em uma cena do Egito antigo, tudo sem sair da sala de aula. Os professores podem levar os alunos a viagens de campo imersivas e virtuais, através dessas tecnologias que tornam a experiência de aprendizagem mais rápida, envolvente, inspiradora e transformadora.
Com o uso de dados, será possível identificar quais métodos de ensino funcionam melhor tanto para as massas quanto para estudantes individuais, podendo analisar os dados dos alunos e fazer programas flexíveis com base em feedback em tempo real. No momento, a maioria dos cursos on-line ainda são feitos em massa, mas no futuro eles podem ser personalizados em massa, a fim de refletir as necessidades individuais dos alunos.
O futuro
As instituições educacionais tradicionais terão que se adaptar e se integrar à essas tecnologias, à medida que os novos players ofereçam melhores serviços. Universidades pequenas e familiares, que possuam uma cultura arraigada à forma como ensinamos ontem, raramente terão recursos financeiros e capacidade de lidar sozinhos com todas essas mudanças e a necessidade de incorporar novas tecnologias.
Em um mundo de mudanças cada vez mais aceleradas, quebrar paradigmas é a maneira de se tornar imprescindível. Estamos vendo uma onda de empresas de tecnologia em educação e que estão oferecendo soluções inovadoras a custos mínimos. A empresa que tiver a capacidade de oferecer processos, tecnologias e boas práticas adequadas à essa nova realidade e de forma consolidada para as instituições de ensino, sairá na frente dessa onda e será a mais relevante do mundo em educação superior.
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