Ser Gerente de projetos: desista disso!
- Júnior Rodrigues
- 7 de fev. de 2017
- 5 min de leitura
Quem lê esse título deve estar pensando: esse cara é louco! Como pode um profissional e professor da área dizer isso? Calma! O objetivo aqui é fazer com que indivíduos que atuam ou queiram atuar com gerenciamento de projetos reflitam sobre suas competências atuais e as necessidades de conhecimento que as mudanças que estão sorrateiramente se entranhando no mercado trazem.
Talent triangle
Mais do que nunca, é preciso que esses profissionais atentem para os soft skills, mas sem jamais esquecer dos hard skills, tendo uma sólida base de conhecimento das boas práticas, e sempre estando em linha com o que o talent triangle do PMI propõe (técnicas em gestão de projetos, gestão estratégica de negócios e, principalmente, liderança - e aqui que o negócio fica mais interessante, mas falaremos um pouco mais a seguir).
Quando se fala que o gerente projeto precisa ter conhecimentos de gestão estratégica de negócios não quer dizer que ele não possa estar atuando em uma área específica da organização, realizando projetos TI ou de uma área de engenharia. Entretanto, não necessariamente ele precisa estar no topo da organização, mas ele precisa conhecer bem a estratégia da empresa e da área em que está alocado para que ele consiga saber onde se quer chegar, inclusive para ajudar na definição e na priorização dos projetos que serão executados.
O clichê de que o mundo corporativo está passando por mudanças cada vez mais rápidas - e é preciso mais e mais agilidade para responder a elas de forma excepcional, a fim de estar à frente da concorrência e garantir vantagens competitivas - faz cada vez mais sentido, e o profissional deve sempre buscar novas abordagens ágeis e adaptativas para lidar com toda essa complexidade na velocidade necessária.
Gerente de projetos ou não?
A posição de se gerenciar projetos e recursos através de um computador e de softwares cada vez mais alinhados a esse ambiente complexo e ágil, bem como de se "perder" o precioso tempo do Gerente de projetos em atividades de execução hands on, deve ser deixada para trás (mais uma vez vem o louco propor que o gerente não deve pôr a mão na massa!). Mas qual o papel deve o gerente de projetos exercer, então? Resposta: deve desistir de ser somente gerente de projetos, em primeiro lugar.
Além das competências já mencionadas, como boas habilidades pessoais (especialmente de comunicação), excelente base nas boas práticas, visão estratégica, profundo conhecimento de metodologias tradicionais e cada vez mais das ágeis, além de estar sempre em busca de um contínuo aprendizado, o gerente de projetos necessita:
- Conhecer o mercado em que está inserido
- Dominar os processos de sua empresa
- Propor soluções em vários níveis
Liderança efetiva de projetos

Competências amplas
Bom, se ele precisa conhecer o mercado em que ele atua significa que ele precisa ser um especialista na área? Então voltamos àquela velha discussão sobre o gerente de projetos ser especialista ou generalista? Na verdade, percebe-se que o gerente projetos deve ter um perfil mais generalista, principalmente em se tratando dessas características que descritas até aqui. Mas, se é dito que ele precisa conhecer o mercado, significa que ele precisa estar familiarizado com a linguagem comum, com as tendências, conhecer soluções aplicáveis, para que ele consiga enfim cumprir o seu papel.
Com relação a dominar os processos da empresa, isso se torne essencial para que ele consiga identificar oportunidades de melhoria, para que ele consiga trazer otimizações com relação ao trabalho e na busca pela melhoria no desempenho. Então, minimamente ele precisa, ou ser parte, ou ser gestor, ou ter uma sinergia muito grande com a área responsável pelos processos da organização, a fim de que ele consiga atuar nesse sentido de propor soluções.
Tendo, portanto, esses conhecimentos técnicos, estratégicos, sobre os processos e sua área de atuação, o Gerente de projeto passa atuar também como um grande propositor soluções nos diversos níveis da organização. Apresenta desde soluções estratégicas que contemplem todas as áreas, com vistas à conquista de mercado ou disputa face à concorrência, mas também na proposição de soluções operacionais, seja para a melhoria de algum processo, seja na implantação de algum sistema, que solucionem determinado problema. Dessa forma, contribui para que haja uma melhora no desempenho na organização como um todo.
Além desses fatores, o gerente de projetos essencialmente atua como agente da mudança, que irá apoiar a organização e levá-la a outro patamar, na busca contínua pela melhoria no desempenho. Sendo assim, atua para que se consiga mudar a forma de trabalho atual para uma forma otimizada, puxando as áreas, os recursos e toda a cultura da organização para que alcance esse desempenho superior.
Liderança em projetos
Por fim, mas não menos importante, o gerente projeto deve focar os seus esforços para que ele consiga ter um perfil muito mais de liderança, sem deixar de lado toda a sua capacidade gerencial, o controle dos projetos e da documentação. Isso é necessário para que ele consiga dar cabo de atuar nessas diversas frentes, comunicando claramente a visão de onde se quer chegar, conhecendo a fundo os processos da organização no mercado em que atua e trabalhando alinhado à estratégia da organização. Todos os esforços de transformação altamente bem-sucedidos combinam uma boa liderança com um bom gerenciamento.
Em adição, a atuação de um gerente de projetos eficaz requer uma complexa gama de habilidades de liderança. Este perfil deve se adaptar à realidade da organização e ao contexto do projeto, com grande capacidade de comunicação (principalmente em saber ouvir as pessoas), que busque constantemente o aprendizado e que possua uma excelente inteligência emocional para lidar com as pressões diárias e de vários níveis com resiliência e flexibilidade. Indo além, todo líder deverá atuar como coaching se quiser sobreviver no mercado, como disse Jack Welch.
Essa capacidade adaptativa do líder passa por diversos tipos de liderança, seguindo o modelo de competência do IPMA (International Project Management Association), cujas habilidades contextuais preveem que o gerente de projetos atua de acordo com o contexto do projeto e da organização onde está inserido. Entretanto, devido aos cenários até aqui descritos, o gerente de projetos deve buscar atuar com base em modelos mais aderentes de liderança, como o transformacional (que estimula a alta performance de seu time, pautando-se em influência, inspiração, exemplo e motivação em busca de uma visão) e o de liderança autêntica (que visa transparência, autoconsciência, com base em emoções e com foco no longo prazo).
Conclusão
Dessa forma, o gerente de projetos estará cada vez mais apto a apoiar a organização no alcance de maiores resultados, para que consiga estar à frente da concorrência em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, e que esse profissional adicione mais e mais valor ao seu papel dentro da empresa e do mercado em que atua. Assim, se tornará o que ele precisa cada dia mais se tornar: um LÍDER efetivo de projetos.
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