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Quem é o verdadeiro gerente de projetos?

  • Júnior Rodrigues
  • 26 de out. de 2011
  • 6 min de leitura

(Texto publicado por Júnior Rodrigues no site Administradores.com.br)


Com o aumento de empresas que cada vez mais orientam suas atividades por projetos e com a conscientização sobre a necessidade de se utilizar padrões ou metodologias para gerenciá-los, um número crescente de profissionais se interessa pela área, buscando certificações ou pós-graduações, a fim de se especializar no tema e aproveitar as oportunidades de trabalho que surgem.


Da mesma forma, existem muitas pessoas que se dizem gerentes de projetos, mas não tem formação alguma na área, não sabem diferenciar, não possuem as competências necessárias, bem como o devido conhecimento teórico e aplicado. Não basta também saber utilizar softwares simples ou elaborados. Gerenciar projetos é muito mais do que isso.


Dúvida

Conhecimentos


Gerenciar projetos qualquer pessoa pode, desde os mais simples até os mais complexos. Basta ser designado para isso! Mas gerenciar projetos efetivamente é executar a capacidade de gestão, através dos processos de planejamento, execução e controle, por meio de práticas, técnicas e ferramentas que se esteja capacitado a utilizar.


E para ser um Gerente de Projeto capaz de conduzir essas ações até o prazo final estipulado, entregando o projeto dentro dos requisitos de custo e qualidade, deve-se ter um conjunto de conhecimentos que vão além de uma metodologia determinada.


Vários profissionais se auto-intitulam Gerente de Projetos por puro modismo ou por obter uma certificação por meio de um curso rápido e ter decorado algum padrão, sem realmente desenvolver as habilidades em gerenciamento na prática, seja momentaneamente ou através de contínuos projetos.


Com relação à carreira, embora não seja uma profissão regulamentada (o MTE já classifica Gerente de Projetos de TI como uma ocupação), ser Gerente de Projetos pode ser encarado como tal. Existem diversas "profissões" no mercado, que tem as mesmas particularidades. O profissional especializado e experiente na área tem como objetivo atuar especificamente no gerenciamento de projetos, e essa possibilidade de executar somente essa função vai aumentando conforme aumenta a cultura de projetos nas empresas.


Existem instituições, como o PMI® (Project Management Institute) ou OGC® (Office of Government Commerce, do governo britânico), que fornecem práticas ou padrões que podem ser utilizados pelo profissional, como base para estruturar o gerenciamento a fim de obter sucesso no projeto. Mas isso por si só não basta, se o gerente não souber aplicar tais conhecimentos e conduzir quem de fato faz os projetos funcionarem: AS PESSOAS!


Mercado


O mercado, em certos momentos, vê de forma bastante distorcida o que é experiência ou conhecimento, principalmente os selecionadores que, sem conhecimento algum do que está sendo requerido, dão mais valor a uma sopa de letrinhas do que a especialização do profissional. Estes, exigem que o candidato possua uma certificação (sem saber o que estão exigindo) e acabam eliminando alguém que realmente conhece do assunto ou que poderia desempenhar melhor a função.


Não é o caso de desmerecer as certificações, pois elas são balizadores e mostram que o profissional sabe a respeito do tema (ou decorou para uma prova!). O que se questiona é a super-valorização dada a um amontoado de letras que muitas das vezes não se traduz em conhecimento prático algum.


Há um ponto que deveria ser destacado. Com toda essa visão mais ampla a respeito do Gerenciamento de Projetos no país, o mercado ainda tem seu conhecimento reduzido ao PMI®, que é a mais conhecida mas não é a a única instituição na área. Faz-se necessário abrir a caixa de pensamento de quem está restrito a essa linha de conhecimento, através de padrões como IPMA®(International Project Management Association) ou PRINCE2®(PRojects IN a Controlled Environment, metodologia da OGC®), que fornecem outras visões da área.


Obviamente, as boas práticas agrupadas no Guia PMBoK® são o resultado de anos (muitos!) de experiências acumuladas em gerenciamento de projetos, assim como os cursos de pós-graduação (cada um com sua qualidade) em sua grande maioria tomam-no como base para a formulação de suas respectivas grades curriculares.


Formação


Justamente para nortear e padronizar as melhores práticas é que o guia foi criado, passível de adequação para cada realidade de cada projeto. Está em constante evolução e seus pontos de melhoria são acertadamente levantados por profissionais experientes ou por outros institutos. O PMI® não é o supra-sumo e o Guia PMBoK® não é a bíblia. Mas, com suas vantagens e desvantagens, é um dos padrões mais aceitos no mundo e isso não se pode negar.


Já cursar uma pós-graduação (MBA) em Gerenciamento de Projetos é uma ótima opção, para se adquirir conhecimento através dos professores e das experiências trocadas. E tais conhecimentos adquiridos capacitam muito mais o profissional do que somente a certificação sem nenhuma experiência. Mas o mercado tende a valorizar mais as certificações.


Isso ocorre muito em função do desconhecimento do que é o Gerenciamento de Projetos, tanto pelas empresas como por boa parte dos profissionais. Mesmo em áreas que tendem a ser mais projetizadas, como TI e Construção, há uma confusão enorme quanto ao tema. Há exemplos de profissionais que já pensaram em cursar um MBA na área, mas que optaram por outro mais amplo na área de gestão e depois fazer um cursinho para obter a certificação PMP®.


Há de se discordar da ideia de que um MBA amplo em gestão juntamente com um preparatório para o PMP® seja mais produtivo e prepare melhor um gerente de projetos do que um MBA em Gerenciamento de Projetos, pois o que está se levantando é a especialização na área e não de um ganho de conhecimentos gerenciais em termos gerais.


MBA´s


Um outro fato polêmico é que aqui no Brasil adaptou-se erroneamente a palavra MBA (Master in Business Administration, que designa os mestrados em administração no exterior e correspondem aos mestrados profissionais no Brasil), generalizando esse termo para toda e qualquer pós-graduação lato sensu, fazendo com que alguns profissionais mais graduados desmereçam os cursos que fazem uso dessas três letras e, no caso, a qualidade dos que se referem a Gerenciamento de Projetos.


Mas esse fato não desmerece os cursos que usam essa estratégia da marketing ou de valorização do seu nome. Isso é questão de mercado somente. E, embora algumas pessoas não façam distinção entre ter uma titulação de mestre ou de um "simples" especialista, quem se aventura a cursar quaisquer dessas opções, sabe bem o que está fazendo e o que vai obter.


MBA é lato sensu. Mestrados acadêmicos ou profissinais são stricto sensu. Existem excelentes professores nos MBAs, vários muito bem reconhecidos no mercado e que fazem um perfeito alinhamento de suas disciplinas com o gerenciamento de projetos, fornecendo experiências e permitindo a troca de conhecimentos. O uso da palavra MBA é um fator cultural no Brasil e só os desavisados podem crer que se trata de um Master in Business Administration.


É certo que educação no país virou comércio e isso está instalado em quaisquer das instituições aqui existentes (salvo onde o conhecimento é o foco, como nos mestrados e doutorados). Mas, o fato de serem supostamente produtos de marketing, pode-se levar, erroneamente, a rotular esses cursos ou desmerecê-los em sua totalidade. Ora, se 99,9% dos cursos usam MBA no nome e isso dá um status a mais, porque não um curso poderia fazer uso disso?


O Gerente – Conhecimento + Experiência


Para quem é formado na área de Administração, sabe que ser gerente não é algo que se aprende nos livros ou nas cadeiras, sejam de uma graduação ou de uma pós. O que se transmite são os conhecimentos e ferramentas para tal, que, devidamente aplicados, permitem o profissional executar seu trabalho adequadamente. Da mesma forma que um MBA ou certificado não faz de um profissional um verdadeiro Gerente de Projetos!


A melhor utilização de boas práticas vai ser aquela que o profissional e a empresa dispuserem e sua aplicação será efetiva se for devidamente adequada a realidade do projeto, e não seguindo uma "cartilha" pronta e imutável! É um desenvolvimento contínuo. Quanto mais se conhece mais se descobre que se tem a aprender.


É preciso algum conhecimento prático para, pelo menos, saber o que está sendo feito ou falado. Mas não se pode afirmar que o conhecimento tácito seja mais importante que o explícito. Ambos são igualmente importantes. Pode-se gerenciar projetos sem estudo algum, somente fazendo uso da experiência adquirida ou observada na atuação dos demais.


Entretanto, há uma ação coordenada e/ou planejada adequadamente? Ou quem aprendeu em um curso ou leu nos livros, saberá lidar com as dificuldades do dia-a-dia, com o inesperado? Creio que em nenhuma das duas situações o desempenho será satisfatório. Somente com a combinação desses dois pólos podemos ter um desempenho mais próximo da excelência.


As pessoas


Dificilmente se encontrará um ambiente onde o Gerente de Projetos será o todo-poderoso, mesmo em ambientes projetizados. Este deve ter o jogo de cintura necessário para articular o uso dos recursos com as áreas funcionais e técnicas, bem como fazer bom uso de sua equipe.


Enfim, o verdadeiro Gerente de Projetos não é somente aquele que possui uma formação, certificação ou que já tenha ficado à frente de algum projeto. Mas sim, é aquele que sabe usar adequadamente sua experiência, seus conhecimentos e técnicas para conduzir AS PESSOAS, que são quem realmente fazem o projeto acontecer.


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