A China irá se tornar a maior economia mundial?
- Júnior Rodrigues
- 20 de jan. de 2012
- 3 min de leitura
De vez em quando, grandes teorias capturam o imaginário do ser humano, pelo menos até que seja desmentida por algum evento ou substituída por uma nova tese mais plausível.
A última a fazê-lo, seja nas salas de reuniões corporativas, escritórios de agências editoriais ou em centros de estudos internacionais, é a tese de que o tempo de dominação global dos EUA está terminado e que novas potências, como os BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), estão prestes a dominar o mundo.
Todos os grandes impérios se defendem contra previsões de sua derrocada e precisam sentir o perigo para dar-lhes uma razão para ir avançar. Por que gastar tanto dinheiro e esforço, se não para impedir que sejam invadidos ou derrotados? Ainda assim, o atual crescimento econômico da China, principalmente, e dos demais países citados é impressionante.

Uma análise do Banco Mundial prevê que a China e a Índia podem quase triplicar suas exportações nos próximos dez anos ou mais. Nos próximos vinte ou trinta anos, a China poderia ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo. O espetáculo do turbo-capitalismo chinês é o inspirador do temor exagerado de alguns comentaristas ocidentais.
Alguns chegam a afirmar, com mais entusiasmo do que plausibilidade, que uma cidade do tamanho de Londres surge no delta do Rio Pérola todos os anos na China. O investimento em educação e infraestrutura (esta, chegando a 25% do PIB), além da explosão na construção de imóveis e novas fábricas que fornecem de tudo para todos os países, mostram a força desse gigante (veja discussão no Linkedin a respeito).
O problema da responsabilidade social e ambiental da China é o seu calcanhar de Aquiles, dados os seus níveis de poluição atuais e a questão das relações trabalhistas, o que, entretanto, elimina algumas restrições e custos. Esses absurdos são graves, mas o aumento da renda no país tem sido notório e tirado muitos chineses da zona de pobreza.
A Ásia está moldando o destino do mundo - e expondo as falhas da civilização ocidental nesse processo. A crise mundial desencadeada em 2008 e que retornou agora com a mesma força, levou os países ocidentais a receberem socorro financeiro da China e outras economias. Por causa do Oriente, o Ocidente não é mais senhor de seu próprio destino.
Estamos começando a ouvir agora que o "hiper-poder" Americano está sendo contestado. Entretanto, há boas razões para ceticismo sobre previsões tão grandes. Estatísticas econômicas em autocracias como a China são notoriamente pouco confiáveis, e vale a pena recordar todas aquelas previsões, algumas décadas atrás, de dominação global iminente do Japão.
Fazendo um comparativo com os japoneses, a questão da qualidade traz a tona uma história semelhante, pois os produtos nipônicos também eram tachados como ruins, mas em pouco tempo tornaram-se referência. Esse paradigma sobre os produtos chineses já está ficando no passado, pois todos os produtos são realizados dentro de padrões mundialmente aceitos de qualidade e por profissionais altamente qualificados.

As grandes empresas e marcas multinacionais fabricam seus produtos na China, que os fornece para os quatro cantos do mundo, recebendo divisas, investimento e obtendo um gigante crescimento. Assim, os chineses aprendem todo o know-how na fabricação de vários produtos, além de projetos realizados via grandes investimentos e esforços de planejamento.
Portanto, mesmo que não sejamos tão rápidos a abandonar a influência cultural, política, econômica e militar dos Estados Unidos, o fato de que a economia americana tem que confiar em injeções de dinheiro da China, Cingapura e os países do Golfo, sugere que algo importante está ocorrendo
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