Steve Jobs foi um bom Tomador de Decisões?
- Júnior Rodrigues
- 25 de nov. de 2011
- 4 min de leitura
(Tradução do artigo "Was Steve Jobs a Good Decision Maker?" no Harvard Business Review)

Tom Davenport detém o cargo de Presidente em Tecnologia da Informação e Gestão do Babson College.
O mundo continua a honrar e chorar por Steve Jobs um tempo após sua morte e há muito o que se elogiar. Seu legado vive na disponibilidade atual do iCloud, iOS 5 e no novo iPhone 4S, que é elogiado por vários críticos proeminentes de tecnologia. David Pogue, o meu escritor favorito de tecnologia, é tão entusiasta a ponto de tratar as características do novo aparelho como quase mágicas.
Eu também já admirava muito os produtos da Apple. Pelas minhas contas há seis Macbooks, dois iPads, e três iPhones, para não mencionar alguns iPods, em posse da minha família. Se você julgar apenas pelos resultados do produto ou por valor de mercado da Apple, Jobs parece ser o melhor tomador de decisão na história de produtos de consumo.

Mas claro, como qualquer outro ser humano, suas decisões não foram todas grandes. Na década de 1980 ele contratou John Sculley para suceder a si mesmo como CEO da Apple, e Sculley presidiu em um período de crescimento lento e passos em falso em produtos nos anos seguintes. Jobs comentou sobre Sculley: "O que posso dizer?" Eu contratei o cara errado. Ele destruiu tudo o que eu passei 10 anos trabalhando para construir, a começar por mim.
A principal iniciativa de Jobs durante seu hiato da Apple, NeXT Computer, foi muito mal sucedida, pelo menos no negócio de hardware. Sua decisão de vender todas as suas ações da Apple quando Sculley botou-o para fora custou-lhe bilhões. E quando ele voltou como CEO, ele permitiu opções retroativas de ações (backdating).
Em termos de processos e estilo de decisão, Jobs era famoso por ser um rígido adepto do micro-gerenciamento, pelo menos quando as decisões de design de produtos estavam em pauta. Como um artigo da revista Fortune sobre a cultura da Apple colocou:
Ele é um ditador corporativo que toma todas as decisões críticas – e grande quantidade de decisões aparentemente não críticas também, desde o desenho do ônibus que levava os funcionários de e para São Francisco até o alimento que será servido na cantina.
Ele também não acreditava em decisões analíticas baseadas em extensa pesquisa de mercado. Do obituário do New York Times :
A própria pesquisa e intuição de Jobs, e não grupos focais, foram seu guia. Quando perguntado o que a pesquisa de mercado foi para o iPad, Jobs respondeu: "Nada. Não é a função dos consumidores de saber o que eles querem."

Com base nas evidências, vou concluir que ele tomou algumas decisões de design fantásticas, mas não que ele era um especialista em processos de decisão eficazes. Ademais, há alguma evidência de que mesmo Jobs percebeu as deficiências da intuição do indivíduo como a única fonte de sabedoria de decisão. Em um resumo de uma entrevista de 1997, um artigo do New York Times publicado no início deste ano observou:
Em seus primeiros anos na Apple, antes dele ser forçado a sair em 1985, Jobs foi notoriamente “hands-on”, na intromissão nos detalhes e na repreensão aos colegas. Porém mais tarde, primeiro na Pixar, o estúdio de animação de computador que ele co-fundou, e em sua segunda passagem na Apple, ele se baseou mais nos outros, ouvindo e confiando mais nos membros de suas equipes de projetos e negócios.
Outra parte de uma entrevista de Jobs com o escritor de tecnologia do Wall Street Journal, Walt Mossberg, sugere que ele também poderia deixar os outros vencerem de vez em quando:
Jobs: O que eu faço todos os dias é me reunir com equipes de pessoas e trabalhar em idéias e resolver problemas para fazer novos produtos, fazer novos programas de marketing, seja ele qual for.
Mossberg: E são pessoas dispostas a lhe dizer que você está errado?
Jobs: (risos) Yeah.
Mossberg: Quer dizer, além de jornalistas sarcásticos, eu quero dizer pessoas que trabalham para ...
Jobs: Oh, yeah, não temos argumentos maravilhosos...
Mossberg: E você sempre ganha?
Jobs: Oh não, eu queria que sim. Não, você não pode ganhar sempre. Se você quiser contratar grandes pessoas e mantê-los trabalhando para você, você tem que deixá-los tomar um monte de decisões e você deve, você tem que ser guiado por idéias, não pela hierarquia. As melhores idéias tem que ganhar, caso contrário, as pessoas boas não ficam.

Em suma, primeiramente Jobs contou consigo mesmo como o guia para suas decisões e foi uma vitória de forma geral. Ele por vezes deixou os outros ganharem em argumentos, mas foi porque ele mesmo decidiu que as suas ideias eram melhores.
Ele não parecia ter chegado ao ponto de pensar a tomada de decisão como um esporte de equipe, onde as perspectivas de várias pessoas devem ser integradas em um curso de ação. Cercar-se de iconoclastas brilhantes e deixar que eles se revezem em ganhar não é o caminho para construir uma capacidade de julgamento organizacional.
As decisões de Jobs valeram a pena porque ele tinha bom gosto - um traço que ele acusou a Microsoft de não ter - e porque, como co-fundador da Apple, ele poderia ter uma abordagem ditatorial. Se você é o co-fundador de uma organização de sucesso e seu interior é tão refinado quanto Jobs ", você deve usá-lo com frequência para tomar decisões. Eu estou supondo que é uma situação improvável de ocorrer, de forma que você pode querer empregar outros métodos de decisão.
Agora que Jobs não está mais entre nós, a Apple ainda precisa tomar "insanamente” grandes decisões. Tim Cook tem uma personalidade diferente e parece que ele é um pouco mais aberto às idéias dos outros.
E a Apple University, liderada pelo ex- professor de Harvard, Yale e Stanford, Joel Podolny, tentou incorporar parte da sabedoria e regras de decisão de Jobs em estudos de caso a partir da qual outros executivos da Apple podem aprender. Como é que todo esse trabalho irá funcionar? Acompanhe os preços das ações da Apple para descobrir.
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